Miúdos feitos de Liberdade
Já não sabemos precisar o dia em que descobrimos a página dos “Miúdos feitos de Liberdade”, o que sabemos é que desde esse dia passámos a acompanhar as peripécias desta família aventureira e verdadeiramente inspiradora.
O que mais nos agrada nesta família é a forma simples e descomplicada com que encaram os dias e a vida, identificamo-nos com muitos pontos de vista e sobretudo valorizamos a liberdade que permitem que os seus filhos tenham para vivenciar tantas aventuras em família.
Como surgiu a ideia de criar a página Miúdos feitos de Liberdade?
Miúdos feitos de liberdade é o resultado de uma vontade minha de voltar a escrever, aliada ao sentimento de que faz falta descomplicar a vida das crianças. Nos dias de hoje, é fácil deixarmo-nos engolir pela rotina e pelo cansaço, deixarmos o trabalho invadir o tempo que devia ser da família, preocuparmo-nos mais com o desempenho escolar dos miúdos do que com a sua própria felicidade ou a harmonia da nossa família. Nós acreditamos que é possível fazer diferente. É possível brincar mais. É possível ver menos televisão. É possível viajar com miúdos pequenos. É possível dar-lhes liberdade, explicando que com ela vem a responsabilidade. Mais do que possível, é altamente benéfico deixarmos para trás os preconceitos sociais e lutarmos pelo que nos faz mais felizes.
Sem qualquer pretensão de querer mudar a vida de alguém, queremos servir de inspiração. Queremos mostrar que é muito bom ver os miúdos crescerem com confiança e entusiasmo. Queremos mostrar que os miúdos são mais felizes quando ganham autonomia e sentem que são capazes. E que isso vale todo o esforço que é preciso fazer para mudarmos o rumo do nosso futuro.
Acham que em Portugal brincamos pouco “Lá Fora”?!
Há estudos que começam a fundamentá-lo do ponto de vista médico (descreve-se há muito a importância da atividade física, claro, mas fala-se também no desenvolvimento do sistema imunitário, na insuficiência de vitamina D), mas creio que esse nem é o aspeto mais relevante.
Apesar de termos um clima moderado, propício a atividades ao ar livre, as crianças portuguesas passam muito pouco tempo por dia na rua.
Eu tenho 42 anos e, tal como a maioria das pessoas da minha geração, passei a infância “lá fora”. Hoje, vejo poucas crianças a aproveitar o ar livre e a natureza. Por um lado, por falta de tempo dos pais e das próprias crianças (sobrecarregadas com TPC ou atividades extra-curriculares). Por outro, pelo próprio medo que os pais têm dos perigos da rua. A possibilidade de quedas, os arranhões, o frio ou a chuva são elementos dissuasores. Dentro de casa é, aparentemente, tudo mais seguro. Aparentemente…
Nós habituámos os nossos miúdos a brincar na rua independentemente do tempo que faz lá fora. A única diferença é a roupa que usam para o fazerem. Quando está a chover, pomos os impermeáveis e as galochas e vamos saltar nas poças. Quando está vento, fazemos concursos de apanha de folhas das árvores. Se está frio, recorremos ao gorro, às luvas e aos casacos quentinhos. Se está calor, pomos os chapéus e brincamos com bisnagas de água para nos refrescarmos. Porque, efetivamente, quando descomplicamos desaparecem as desculpas para não brincarmos na rua.
Podem dar-nos 3 dicas para motivar as famílias a passar mais tempo, com os miúdos, “Lá Fora”?
Acho que o principal truque é simplificar e entender que uma criança precisa de se sujar, de explorar a terra e as árvores, arranhar os joelhos e provar os pingos da chuva. O ar livre torna as pessoas mais felizes. E, para tomar melhor partido dele, ficam aqui umas dicas que nós seguimos diariamente:
• Invistam em roupa outdoor de qualidade para os miúdos. Mais do que escolher roupas bonitinhas e de marcas pomposas, preocupamo-nos em escolher roupas e calçado confortáveis e duradouras, respiráveis e impermeáveis. Saber que eles estão protegidos dá-nos a tranquilidade de os deixar brincar à vontade, mesmo que esteja frio, vento ou chuva.
• Há uns anos, numa palestra, ouvi um orador usar um exemplo que, no início, me deixou um bocadinho incomodada mas, depois, fez todo o sentido para mim. Ele dizia que colocava na agenda os tempos de brincadeira com os filhos para que eles tivessem a mesma importância de um compromisso profissional. Estranho, não? Mas a realidade é esta. Quantos de nós já quebraram promessas de brincadeira com os filhos por causa dos imprevistos do trabalho? E quantos já fizeram o contrário? Marquem dias de brincadeira na rua na vossa agenda e levem o compromisso a sério. Bloqueiem uma hora do final da tarde para um jogo de futebol, um passeio de bicicleta ou uma ida ao parque com os miúdos. E não se permitam falhar. Tenho a certeza que não vão arrepender-se.
• Habituem as crianças ao ar livre desde cedo. Juntem a família e usem os jardins públicos, façam caminhadas na montanha, lancem papagaios na praia fora da época balnear. Comecem por atividades simples e façam-nos ganhar o gosto pelos elementos naturais. Quando o hábito de brincar na rua se instala, jamais o apelo pelos ecrãs consegue vencê-lo.
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